“LIA COM OS SEUS OLHOS”
Minha experiência com a Leitura iniciou-se na minha infância, quando emprestando os olhos de meu pai lia histórias lindas sobre paisagens e animais do campo. As histórias sempre tinham como cenário a natureza e o amor. Não sei ao certo de onde meu pai as selecionava, morávamos em um sítio e acredito que devia ser da Cartilha do Agricultor, não era um livro propriamente de histórias infantis, mas meu pai o tornava, atráves de sua descrição qualitativa, onde não só quem ouvia fazia uso da imaginação e fantasia, mas quem as lia, também. E fui crescendo nesse ambiente interativo de leitura, pois lembro muito e até me emociona,( pois não tenho mais meu pai aqui presente), que antes do jantar meu pai trazia livros, jornais e até algumas revistas, onde realizava a leitura com sua voz imponente e após o texto lido pedia que eu opinasse a respeito e depois ao finalizar dizia:”vamos jantar, criançada”. Lembro-me um dia que em um dos textos lidos não conhecia a palavra átomo, então, sempre muito curiosa e com a liberdade que o meu mestre me dava lancei a pergunta. Embora tivesse apenas seis anos meu pai não me privou da explicação, minimizando os detalhes maiores, mas dando-me curiosidade para mais tarde procurar livros e ler a respeito. Um fato interessante é que não se escolhia textos apropriados para idade, mas ele fazia as adequações necessárias.
Quando fiz sete anos minha mãe e meu pai me presentearam com o livro”As aventuras de Tom Sawyer”....tenho o livro até hoje... meu pai havia me despertado e me preparado para a leitura...não sei se sua intenção era essa, mas sei que sentia muita satisfação quando líamos juntos o mesmo livro e quando adulto discutíamos a respeito.
Depois ganhei “O pequeno Príncipe”, “Meu pé de laranja lima”, “Por parte de Pai “ O diário de Anne Frank”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”,até que um pouco antes dele falecer estávamos lendo juntos um livro de Osho intitulado “Vida, Amor e Riso”.
Outro costume interessante em prática de leitura inserido por meu pai foi o fato de pontuar com grifos as partes que gostaria de refletir fazendo um paralelo com a nossa vidar, onde com isso aprendi a fazer um viagem dentro de mim, em busca de minhas vozes, daquelas que me construíram, das que me tornaram “Ana Luísa – leitora e pessoa “. Por isso dentre as várias citações a que mais me sensibilizou foi a de Antonio Candido, pois a leitura em minha vida foi e sempre terá um caráter humanizador.
Hoje continuo lendo e isso me faz bem, parece até que o meu grande professor está lendo comigo e me incentivando, mesmo eu tendo crescido, mas sem dúvidas foi ele que me colocou nessa caminhada. Agora vamos jantar criançada....(saudades).